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Lista sigilosa de Fachin cita Lula, Palocci e Cunha, diz jornal

Documentos mostram como o departamento de propina da Odebrecht se estendeu a vários países. Há relatos de pagamentos indevidos no Peru, México, Equador, Venezuela, Cuba e Angola.


Parte dos documentos relacionados à delação dos executivos da Odebrecht, que ainda está sob sigilo, contém citação ao ex-presidente Lula, o ex-ministro Antonio Palocci e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. O jornal 'O Estado de S. Paulo' teve acesso a essas decisões do ministro Edson Fachin. Os delatores contaram que, para expandir os negócios do grupo em outros países, usavam o nome do ex-presidente Lula como cartão de visitas.

Em alguns desses casos, o ministro Edson Fachin pediu mais informações ao Ministério Público Federal sobre a aplicação da lei brasileira. Em outros casos, o pedido do MPF foi para outras instâncias. Ainda falta decidir se essas investigações vão ser abertas ou não. Estes casos ainda estão sob sigilo para preservar as investigações.

As novas revelações também mostram como o departamento de propina da Odebrecht se estendeu a vários países. A empreiteira teria pago mais de R$ 200 milhões, ilegalmente, em obras e campanhas políticas no exterior.

Os delatores mencionaram pagamento de R$ 114,5 milhões em propina na obra do metrô de Caracas, na Venezuela. No Equador, a construção da hidrelétrica Toachi-Pilatón teve propina de R$ 3,1 milhões.

Nas delações, os executivos da Odebrecht também falam de doações de campanha no exterior, negociadas pelo ex-ministro Antonio Palocci (PT). Segundo o jornal, há relatos de pagamento de vantagens indevidas em nove campanhas eleitorais, em um total de R$ 17,43 milhões.

Ele teria pedido R$ 9,3 milhões para o candidato à presidência do Peru, Ollanta Humala, e R$ 5,3 milhões para o marqueteiro João Santana, pela campanha de Mauricio Funes à presidência de El Salvador.

Os delatorem relatam ainda o pagamento indevido de R$ 15,5 milhões para Emilio Lozoya, ex-presidente da Pemex, a estatal de petróleo do México, e R$ 62 milhões para um ministro angolano não identificado.

Em Angola, outra petição diz respeito à atuação de Lula para favorecer a empresa do sobrinho dele Taiguara Rodrigues dos Santos. Segundo delatores, a empresa Exergia teria sido contratada pela Odebrecht, apesar de não ter experiência no ramo. O contrato previa a prestação de serviços entre 2011 e 2014, quando Lula já havia deixado a presidência. As informações e documentos referentes a esta delação serão encaminhados à Justiça Federal do Paraná, a pedido da PGR, porque fatos semelhantes já eram apurados anteriormente.

Delatores também contam que Lula e o hoje governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), atuaram para viabilizar as obras da Odebrecht no Porto de Mariel, em Cuba.

Seis delatores apontaram ainda informações referentes à Usina de Belo Monte. Estes documentos serão incluídos em inquéritos já existentes no Supremo Tribunal Federal envolvendo integrantes da cúpula do PMDB.

Campanhas eleitorais feitas no Brasil também estão relacionadas nas delações que ainda estão sob sigilo. Entre elas, está o pagamento de R$ 2 milhões para o ex-minitro Henrique Eduardo Alves (PMDB) na campanha para o governo do Rio Grande do Norte em 2014. Segundo os delatores, o próprio ex-candidato e o ex-deputado Eduardo Cunha teriam pedido o dinheiro.

O ex-presidente Lula nega as acusações. A assessoria do petista diz que ele vem sendo acusado sem provas.

G1 não conseguiu contato com o advogado de Antonio Palocci.

A defesa de Eduardo Cunha afirma que os delatores apontam atos ilícitos sem qualquer prova do ocorrido, em uma busca inexplicável de envolvê-lo nos crimes da Lava Jato.

Fonte: g1.com

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