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Preso pela Lava Jato, Luiz Argôlo faz Enem e passa para matemática na BA

Ex-deputado foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Advogado de político disse que ele tem interesse em cursar universidade.

Os ex-deputados federais André Vargas e Luiz Argôlo, presos na Operação Lava Jato, fazem exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) em Curitiba (Foto: Cassiano Rosário/Futura Press/Estadão Conteúdo)

O ex-deputado federal pela Bahia Luiz Argôlo (ex-SD), condenado a 11 anos de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato, fez a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e conquistou vaga, pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), no curso de matemática da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).
A defesa vai pedir a transferência dele para a Bahia, mas também aguarda o julgamento de pedidos de habeas corpus, para que Luiz Argôlo possa responder os processos em liberdade, segundo informado pelo advogado Sidney Peixoto, que representa o político.

Ele e 15 pessoas aparecem na lista do Ministério da Educação, que pode ser consultada. Peixoto disse que Argôlo tem interesse em pedir a transferência para cursar a universidade na Bahia. Segundo Peixoto, Argôlo havia comunicado à defesa o interesse em se submeter ao exame e, mesmo antes da condenação, já participava de ações profissionalizantes para ocupar o tempo.
"Primeiro, de fato, tem a vontade do estudo, de tornar de alguma forma útil o tempo em que ele está lá. Ele já está fazendo curso profissionalizante, tem o seu tempo de leitura, enfim, vem usando melhor o tempo desde antes da sentença. E o fato de voltar para perto de casa também tem que ser pensado. Ele está preso desde abril, em Curitiba, e, no nosso entender, isso é até sem sentido", afirmou o advogado. Sidney Peixoto disse que vai estar com o cliente na próxima semana e não tem detalhes sobre o que teria motivado a escolher matemática. "Com o recesso, acabei tendo as minhas idas e vindas diminuídas", disse.
Luiz Argôlo cumpre pena no Complexo Médico-Penal (CMP), na Região de Curitiba. A defesa informou que aguarda julgamento de pedidos de habeas corpus já feitos para o Supremo Tribunal Federal (STF) e para o Tribunal Regional Federal (TRF), do Paraná.
Segundo os dados do Sisu, ele passou para o turno da manhã, no campus localizado em Alagoinhas, a 100 km de Salvador, cidade considerada reduto eleitoral de Argôlo, que não tem diploma do ensino superior.
O ex-parlamentar foi vereador de Entre Rios, onde nasceu, pelo extinto Partido da Frente Liberal (PFL), entre 2001 a 2004; e foi prefeito interino da cidade por dois meses de 2002. Em 2003, ele foi eleito deputado estadual pelo Partido Progressista Brasileiro (PPB), e foi reeleito em 2007. Já em 2011, foi eleito deputado federal.
Luiz Argôlo foi o terceiro político a ser condenado no curso da Operação Lava Jato. A pena foi de 11 anos e 11 meses de reclusão em regime fechado inicialmente, além do pagamento de multas de R$ 459.740.
Crimes
Sérgio Moro considerou que Argôlo, enquanto deputado federal, recebeu parte do dinheiro da propina paga por empreiteiras fornecedoras da Petrobras à Diretoria de Abastecimento da estatal, então comandada por Paulo Roberto Costa. A lavagem de dinheiro ficou configurada na ocultação e dissimulação dos recursos recebidos.
Segundo o juiz, ficou comprovado que Argôlo recebeu R$ 1.474.442,00 do esquema, sendo que pelo menos R$ 250 mil envolveu apenas um recebimento de propina. "O custo da propina foi repassado à Petrobrás, através da cobrança de preço superior à estimativa, aliás propiciado pela corrupção, com o que a estatal ainda arcou com o prejuízo no valor equivalente", afirmou Moro.
Argôlo afirmou que todo o dinheiro repassado por Youssef a ele era referente à compra de um terreno da família em Camaçari, na Bahia. O juiz não aceitou a argumentação da defesa.
Fonte : Globo.com

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