TSE convoca representantes de Bolsonaro e Haddad e pede clima de paz

A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, fala durante coletiva
A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, convocou as campanhas para discutir notĂ­cias falsas e violĂȘncia - Antonio Cruz/AgĂȘncia Brasil
A ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, se reuniu ontem com representantes das candidaturas de Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) para discutir a difusĂŁo massiva de notĂ­cias falsas e a onda de violĂȘncia durante as eleiçÔes. O tribunal vem colocando preocupaçÔes com a disseminação de conteĂșdos colocando em dĂșvida o sistema de votação e apuração nestas eleiçÔes. Participaram do encontro tambĂ©m os ministros LuĂ­s Roberto Barroso e Edson Fachin.

Segundo representantes das candidaturas, que falaram a jornalistas ao fim do encontro, os ministros do TSE mostraram preocupação com os conteĂșdos enganosos e casos de agressĂŁo. Rosa Weber teria feito um apelo para que a campanha ocorra em clima de paz e para que os candidatos incentivem apoiadores a fazer uma campanha pacĂ­fica.
Em relação a conteĂșdos colocando em dĂșvida a lisura do processo eleitoral, os ministros defenderam a segurança das urnas eletrĂŽnicas e do sistema de votação. Mas, conforme os relatos, nĂŁo houve resolução ou encaminhamentos concretos, apenas recomendaçÔes dos ministros.
“As sugestĂ”es [do TSE] foram no sentido de que nĂłs comunicĂĄssemos aos nossos clientes para que continuassem se esforçando para que houvesse cada vez mais a instrução dos eleitores para que se evite qualquer atitude que possa ser considerada violĂȘncia. Embora nĂłs tenhamos dito que isso foge ao controle de qualquer candidato. A violĂȘncia existe, Ă© um fenĂŽmeno no Brasil, e nĂŁo se pode atribuir isso a um candidato”, relatou o advogado da candidatura de Jair Bolsonaro, Tiago Ayres.
Sobre as notícias falsas, o advogado da candidatura de Jair Bolsonaro acrescentou que o tema preocupa o político e sua campanha, que também estariam sendo alvos de mensagens deste tipo. Ele citou como exemplo as mensagens atribuindo ao deputado voto contra a Lei Brasileira de Inclusão, suspensas pelo TSE após questionamento da candidatura.
O coordenador da campanha de Fernando Haddad, EmĂ­dio Souza, informou que os representantes da candidatura pediram providĂȘncias do TSE e de ĂłrgĂŁos como a PolĂ­cia Federal em relação Ă  disseminação de notĂ­cias falsas sobre o candidato do PT e da onda de violĂȘncia que atribuiu aos apoiadores de Jair Bolsonaro.
“A disseminação de fake news, desta forma, deforma a democracia, altera o resultado eleitoral. NĂŁo Ă© possĂ­vel que a Justiça assista impassĂ­vel tamanha agressĂŁo Ă  democracia”, pontuou o coordenador. Sobre os atos de violĂȘncia, Souza informou que solicitou um pronunciamento da presidente do TSE em defesa do bom senso. “NĂŁo Ă© possĂ­vel tamanha agressividade nesta campanha”. NĂŁo houve resposta sobre o pleito, segundo ele.

FenĂŽmeno eleitoral

O fenĂŽmeno das notĂ­cias falsas vem marcando as eleiçÔes deste ano. A missĂŁo internacional da Organização dos Estados Americanos (OEA) manifestou preocupação com o fenĂŽmeno da desinformação durante o 1Âș turno e elogiou a segurança das urnas. No balanço da votação do 1Âș turno, a presidente do TSE, ministra Rosa Weber, tambĂ©m alertou para o problema, em especial, vĂ­deos e mensagens colocando em dĂșvida a lisura do processo eleitoral.
Nos Ășltimos dias, o TSE mandou retirar publicaçÔes falsas contra a candidatura de Haddad tratando da distribuição do que passou a ser chamado de kit gay. Na segunda (15), nova decisĂŁo ordenou a retirada de vĂ­deos relacionando a candidata a vice, Manuela d’Ávila Ă  hipersexualização de crianças. Ontem, o ministro SĂ©rgio Banhos barrou propaganda contra Bolsonaro segundo a qual o candidato do PSL teria votado contra a Lei Brasileira de InclusĂŁo (LBI).

WhatsApp

A rede social WhatsApp tem sido o foco de maior preocupação. Estudo divulgado hoje por professores da Universidade de SĂŁo Paulo (USP) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e integrantes da AgĂȘncia Lupa que acompanhou 347 grupos na plataforma encontrou entre as imagens mais compartilhadas um Ă­ndice de apenas 8% de carĂĄter verdadeiro.
Ontem, o conselho consultivo do TSE para notícias falsas realizou reunião à distùncia com representantes da plataforma de troca de mensagens WhatsApp. O objetivo foi discutir formas de garantir o alcance de respostas diante da divulgação de notícias falsas dentro da rede social.
A videoconferĂȘncia foi uma providĂȘncia decidida em reuniĂŁo realizada na semana passada. Integrantes do colegiado manifestaram receios em relação Ă  disseminação de notĂ­cias falsas na plataforma, especialmente mensagens e vĂ­deos colocando em dĂșvida a lisura do processo eleitoral e apontando supostas fraudes nas urnas.
Uma das preocupaçÔes manifestadas por integrantes do órgão após o encontro foi como encontrar meios para garantir que desmentidos e direitos de resposta alcançassem no WhatsApp usuårios atingidos pelas mensagens iniciais, objetivo que é conseguido em redes como Facebook e Twitter.
Segundo o vice-procurador eleitoral, Humberto Jacques de Medeiros, o WhatsApp se propĂŽs a disponibilizar ferramentas ao TSE jĂĄ adotadas por agĂȘncias de checagem de conteĂșdos enganosos e fabricados. Mas o vice-procurador nĂŁo detalhou que sistemas poderĂŁo ser aplicados e qual a serventia deles.
De acordo com Jacques de Medeiros, os representantes da plataforma relataram encontrar “dificuldades” para aplicar a metodologia de outras redes sociais, como mecanismos de checagem de fatos (como no Facebook e no Google) e possibilidades de veiculação de direito de resposta aos mesmos usuĂĄrios alcançado pelas mensagens originais consideradas falsas. O WhatsApp estaria “aquĂ©m disso”, nas palavras do procurador.
fonte:agenciabrasil

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